Manifesto


Algumas pessoas acham estranho quando resolvo pôr uma explicação de meus abstratos, pois a idéia de que em um abstrato cada um vê o que quer é muito divulgada. Além disso, atualmente o normal tem sido não explicar. Como disse, o normal, não necessariamente o natural. Em minha opinião os pensamentos são naturais. Ninguém vive sem pensar. Conseqüentemente, as idéias também são naturais. Quando um artista faz uma obra de arte, naquele momento ele está pensando, está sentindo. Pode ser que esteja só brincando com as cores, ou com as formas, mas algo se vai pela sua mente. Portanto, um comentário sobre a obra me parece ser natural. Na maioria das vezes, quando pinto algo se define entre as formas e as cores. Às vezes é apenas um sentimento, mas às vezes vai além, é a minha compreensão de ver as coisas. Quando é assim, sinto vontade de que as pessoas possam entender a minha mensagem na íntegra. Elas continuam a ter liberdade de ver o que desejarem, mas passam a ter a opção de acessarem as idéias do artista. O abstrato não deixa de ser um figurativo da mente do artista e quando lemos algumas palavras, pode ser até uma poesia, muitas vezes conseguimos nos orientar e embarcar de forma mais profunda na obra. É possível discordar, é possível concordar, é possível até o observador não perceber a mensagem. Mas, há um número maior de elementos para um julgamento simples do tipo gosto ou não gosto. Um abstrato, ou semi-abstrato, é sempre carregado de um simbolismo individual. Desta forma, o artista é a pessoa mais habilitada para falar de sua própria obra. Concluo este manifesto com a seguinte afirmativa: o observador deve ter liberdade de ver o que quiser numa obra. Porém, o artista deve ter liberdade para escrever sobre sua obra, se desejar.



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